quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

QUEM QUER DINHEIRO? E O BANCO PANAMERICANO



DINHEIRO DE CORRENTISTAS USADO PARA SALVAR BANCO
Por MIRIAM LEITÃO em 02;02;11

Estou achando ainda mais estranha a operação de compra do PanAmericano. A primeira estranheza diz respeito ao comportamento do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), formado com nosso dinheiro. Os bancos tiram 0,15% sobre todos os depósitos (aplicações financeiras ou conta corrente) e colocam nesse fundo.

Ele foi criado pelo governo em 1995 para garantir o dinheiro dos depositantes, em caso de quebra de alguma instituição, porque se temia uma crise bancária. Era para proteger os depositantes do banco, não para salvar banqueiro. Por isso, o dinheiro do Fundo, apesar de ser administrado por instituições privadas e públicas, é do público.

Quando se falou no primeiro rombo, o FGC emprestou R$ 2,5 bilhões sem juros. Quando falei com ele, à época, disseram que emprestaram porque era mais ou menos isso que deveriam devolver aos depositantes. No fim do ano, descobriram outro rombo. E o Fundo colocou mais R$ 1,3 bilhão. Ao todo, foram R$ 3,8 bilhões, mas tudo bem, porque tinham garantias: as empresas do grupo Silvio Santos.

Agora, abriram mão de todas essas garantias e ficaram com o rombo e receberam R$ 450 milhões de recebíveis do BTG, que comprou o PanAmericano.

Outra fonte da minha preocupação diz respeito à entrada da Caixa. Ela entrou quando já havia dificuldade, comprou 49% das ações, que despencaram. O banco estatal, portanto, teve prejuízo – também, de novo, é o nosso dinheiro envolvido. E agora, a própria Caixa colocou à disposição do banco R$ 8 bilhões numa espécie de linha de crédito. Essa não é a função da Caixa, que existe para financiamento imobiliário, por exemplo, mas não para ajudar a salvar bancos.

Há vários pontos de dúvida nessa operação. O FGC deve uma explicação ao público porque é dele que sai o dinheiro. O fundo é para salvar o coletivo, não um grupo privado ou um banco específico. Desvio de função e falta de explicação para quem é o dono do dinheiro.

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