sexta-feira, 15 de junho de 2012

A MORTE NÃO PODE SER O FIM, NÃO É O FIM!

     Já se passaram 56 dias do falecimento do meu companheiro por mais de 20 anos, pai dos meus três filhos. Os momentos difíceis e as circunstâncias de sua morte não apagaram certos sentimentos, creio que a morte não seja capaz de destruir os nobres sentimentos, eles permanecerão conosco e sempre nos ajudarão.
     Em março deste ano por ocasião do dia internacional da mulher, ele deixou publicado em seu blog a foto abaixo onde dizia: "Parabéns às mulheres da minha vida, à minha companheira Maria Teresa Renó, à minha princesa Renata Martins, minhas irmãs e minha grande mãe, a quem dedico o meu eterno amor e gratidão. Que Deus as abençoe e as proteja sempre!"
   E também no twitter em 08/03/2012: "Bom dia a mulher maravilhosa @mariateresareno, há + de 20 anos companheira, mãe dos nossos abençoados filhos @renanmrtns @renatamrtns e @caioreno!"
  
                             Esta foto foi tirada em junho/2011 no aniversário de sua mãe Maricó.
    

     Há alguns dias postei a música "Gostava tanto de você", sem ter lido esse artigo escrito por Padre Fábio de Melo, que faz comentários sobre a mesma música que postei.
     Os sentimentos expostos pelo Padre, mesmo sendo de um pregador do cristinianismo, demonstra que diante da morte somos frágeis, desacreditados da vida eterna, sem esperanças, parece ser o fim de tudo, nossa fé é posta em provação. Até mesmo o filho do Criador, diante da dor e da morte que se aproximava, fraquejou-se, sentiu-se só e abandonado pelo Pai, que dirá de nós pequeninos.
   Mas o tempo nos consola, e só peço que o Senhor nos dê a fé necessária para acreditarmos realmente que a morte não é o fim.
   Como disse o Padre Paulo de Macapá na missa do sétimo dia com toda a sua convicção, não haveria nenhum sentido vivermos para acabar tudo com a morte, se morrer fosse o fim viver não teria sentido, e um vazio enorme é o que restaria em nós.
  

ARTIGO DE PADRE FÁBIO DE MELO

   'Eu sempre acho que às vezes na vida, a gente vive tão mal, às vezes a gente precisa perder as pessoas pra descobrir o valor que elas têm. Às vezes as pessoas precisam morrer pra gente saber a importância que elas tinham, e uma vez na minha vida isso aconteceu. Estava eu na minha casa de manhã, quando recebi um telefonema que minha irmã estava morta, minha irmã mais nova, cheia de vida de repente não existe mais.
     Fico pensando assim, que às vezes na vida o ensinamento mais doído seja esse, quando na vida nos já não temos mais a oportunidade de fazer alguma coisa, e o inferno talvez seja isso, a impossibilidade de mudar alguma situação.
     E quando as pessoas morrem já não há mais o que dizer, porque mortos não podem perdoar, mortos não podem sorrir, mortos não podem amar, nem tão pouco ouvir de nos que nos os amamos.
Eu me lembro que uma semana antes de minha irmã morrer, ela havia me ligado, foi à última vez que eu falei com ela e eu me recordo que naquele dia, eu estava apressado muita coisa pra fazer, e fiz questão de desligar o telefone rápido, sabe quando você fala, mas fala na correria porque você tem muita coisa pra fazer? E foi assim, se eu soubesse que aquela era a última oportunidade de ver minha irmã, de olhar nos olhos dela, de falar com ela, eu certamente teria esquecido toda a pressa, porque quando a vida é assim, e você sabe que é a ultima oportunidade, você não tem pressa pra mais nada, já não há mais o que eu fazer, e essa é a beleza da última ceia de Jesus.
     Não há pressa, o momento é feito para celebrar, a mística da última ceia está ali, Jesus reúne aqueles que pra ele tinha um valor especial, inclusive o traidor estava lá.
     E eu descobri com isso, com a morte da minha irmã, que eu não tenho o direito de esperar amanhã pra dizer que amo, pra perdoar, para abraçar, dizer que é importante que é especial.
Não! O amanhã eu não sei se existe, mas o agora eu sei que existe, e às vezes na vida nos perdemos... Eu me lembro quantas vezes na minha vida de irmão com ela, nós passávamos uma semana sem nos falarmos, por que ouve uma briga uma confusão, a gente se dava o luxo de passar uma semana sem se falar, e hoje eu não tenho mais nem 5 minutos pra conversar com alguém que foi importante, que foi parte de mim.
     Não espere as pessoas morrerem, irem embora, não espere o definitivo bater na sua porta, nós não conhecemos a vida e não sabemos o que virá amanhã, viva como se fosse o último dia da sua história, se hoje você tivesse que realizar a sua última ceia, porque é conhecedor que hoje é o último de sua vida, certamente você não teria tempo pra pressa. Você celebraria até o fim e gostaria de ficar no lado de quem você ama. Viver o cristianismo, é fazer a dinâmica da última ceia todos os dias, viva como se fosse o ultimo dia da sua vida, viva como se fosse a ultima oportunidade de amar quem você ama, de olhar nos olhos de quem pra você é especial.
       E depois que minha irmã morreu um tempo bem passado, eu descobri porque eu gostava tanto dessa musica que vou cantar agora, ela não fala de um amor que foi embora, o compositor fez para a filha que morreu em um acidente, então, fica muito mais especial cantá-la e descobrir o cristianismo que está no meio das palavras, por que é assim, quando o outro vai embora é que a gente descobre o tamanho do espaço que ele ocupava.

“Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver prá não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você..."

    Agora o triste da música é que a gente precisa conjugar o verbo no passado, a pessoa já morreu, já não a mais o que fazer, mas não tem nenhum sofrimento nessa vida que passe por nos sem deixar nenhum ensinamento,...tem que nos ensinar, não dá pra sofrer em vão, alguma coisa a gente tem que extrair...extraia o sofrimento e descubra o ensinamento. Se ele algum dia me tocou e me deixou algum ensinamento eu faço questão de partilhá-lo com você agora. Depois da morte da minha irmã eu faço questão de viver a vida como se fosse o ultimo dia.
     Já que o passado é coisa do inferno e a gente não ta no passado, muito menos no inferno...resta a possibilidade de mudar o verbo de trazê-lo para o presente e de cantá-lo olhando para as pessoas que são especiais, quem sabe cantando pra ela nesse momento...se ela ta do seu lado, se você tem algum amigo que mereça ouvir isso de você, alguém que faz diferença na sua história...ao invés de você dizer que gostava, você diz que gosta!
     Vamos mudar o verbo! Vamos amar a vida! Vamos amar as pessoas antes que elas vão embora!

       E eu...EU GOSTO TANTO DE VOCÊ! EU GOSTO TANTO DE VOCÊ!'

E eu acrescento a mensagem do Padre: "Aproveite hoje para buscar o entendimento e saudar alguém que é importante em sua vida, pois o amanhã poderá não existir."

Um comentário:

  1. Linda reflexão, realmente deixamos a vida passar por nós e não observamos o quão importantes jóias temos ao nosso lado.

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